Foto: Reprodução Ocupe Cine Olinda

Foto: Reprodução Ocupe Cine Olinda

O movimento Ocupe Cine Olinda realiza amanhã, dia 30 de setembro, a quinta ocupação cultural para reivindicar a abertura do Cine Olinda, cinema de rua localizado na Praça do Carmo há anos fechado para reformas que têm se prolongado sem que a população tenha acesso ao espaço cultural e as potencialidades que ele pode oferecer.

A programação começa às 17h30 com sessão de curtas infantis e feira de arte. Às 19h acontece intervenção de Videomaping com Gabriel Furtado, do coletivo Media Sana. Em seguida, às 18h30, tem início a sessão dos curtas nacionais ENTRE ANDARES (PE, 2016), das realizadoras Marina Maciel e Aline Van Der Linden, e BLABLABLÁ (SP, 1968), de Andrea Tonacci.

Para debater a gestão públicas de espaços e equipamentos culturais, às 19h30 rolará um debate com presença de Kleber Mendonça Filho, Márcia Souto (Fundarpe), Carla Francine e Isabela Cribari. Na sequência, às 21h, acontecerá exibição do longa recém-premiado com o Prêmio Especial do Júro Oficial do Festival de Brasília MARTÍRIO (PE, 2016), de Vincent Carelli com colaboração de Tatiana Almeida (Tita) e Ernesto de Carvalho.

A mobilização pela reabertura do centenário Cine Olinda também conta com um abaixo-assinado online em que pessoas podem apoiar pedindo ao Iphan e à Prefeitura de Olinda que pode ser assinado.

Confira abaixo o manifesto do movimento pela abertura do Cine Olinda.

MANIFESTO PELA REABERTURA IMEDIATA DO CINE OLINDA

O Cine Olinda é patrimônio histórico, cultural e afetivo, exemplar remanescente da arquitetura de cinemas de rua que existiram por boa parte do século 20 e 21 em diversos países. Em muitas cidades alguns foram preservados, se mantendo em atividade ininterrupta ou reativados, como parte de um movimento mundial de retomada dos cinemas de rua.

Na França são chamados de cinéma du quartier (cinemas de bairro). Lá, alguns bairros ainda possuem seus cinemas. No Brasil muitos cinemas de rua foram extintos, demolidos ou reutilizados com usos que descaracterizaram totalmente ou quase toda a arquitetura do cinema. A cultura da demolição, que vem de tempos remotos, ainda predomina. A Região Metropolitana do Recife já perdeu inúmeros sobrados, igrejas, arcos, casas e edifícios modernistas e quase uma centena de cinemas de rua.

Localizado na entrada da cidade, no bairro do Carmo, o edifício do Cine Olinda é um exemplar da arquitetura Art Déco, típica da fase pré-modernista das décadas de 20 a 40 do século passado. Apresenta planta retangular, simétrica, sala da platéia com tela e palco ao fundo, moldura para a tela com reentrâncias, estruturas da coberta em ferro, hall de entrada e bilheterias, marquises na fachada frontal, prolongando-se pelas laterais, cabine no pavimento superior, em destaque na fachada e janelas altas, podendo funcionar sem ar condicionado por estar localizado à beira-mar. Estas mesmas características foram encontradas em outros cinemas de rua do Recife e Olinda, o que aumenta a importância de se preservar esta sala.

Acreditamos em cinemas de rua como espaços de cidadania. Eles são modos de pensar e vivenciar as cidades; garantem vida aos centros e bairros; contribuem com a requalificação de espaços urbanos; valorizam a rua, os espaços públicos e de uso público; são pontos de encontro e sociabilidade; oferecem acesso à educação e cultura. Sem eles, uma cidade perde referências e o caráter simbólico no meio urbano. São edifícios que apresentam valores históricos, arquitetônicos, artísticos, contribuem com a preservação da memória urbana e deveriam estar na rota turística das cidades.

Pernambuco se tornou um dos principais polos de produção cinematográfica do Brasil, sobretudo em se falando de filmes que partem do respeito à nossa inteligência para construir narrativas críticas sobre o mundo em que vivemos. Estes filmes dificilmente serão vistos em cinemas comerciais, pois salas localizadas em shoppings são unicamente interessadas no lucro fácil e se deixam levar pelo “tsunami” de filmes americanos, um maçante e violento bombardeio cultural. Neste sentido, reivindicamos o Cine Olinda como mais do que uma opção de exibição de filmes num sítio histórico e sim como um cinema público, com o dever de dar espaço a produções independentes do Brasil e do mundo, além de abrigar atividades de formação e aglutinação da produção criativa.

Após 51 anos de seu fechamento, 37 anos de sua desapropriação, durante a gestão do prefeito Germano Coelho, e 35 anos de reformas malsucedidas, nos sentimos no dever de cobrar esclarecimentos e um maior compromisso dos gestores públicos responsáveis pela condução das obras e pelo equipamento em si. Tendo isso em vista, solicitamos ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan e à Prefeitura Municipal de Olinda um esclarecimento público sobre a gestão do equipamento, prestando satisfação sobre a atual situação e que se coloque em discussão estratégias e soluções para que ele seja entregue à população. Solicitamos que esta audiência seja feita nas dependências do Cine Olinda, seguida de deliberações sobre formas de ocupação e um plano de reinício das obras. Solicitamos também a criação de um comitê de fiscalização civil para acompanhamento tanto da obra quanto dos trâmites burocráticos para a viabilização da mesma.

Assinam
Movimento #CineRuaPE
#OcupeCineOlinda
Ponto de Cultura Cinema de Animação
Associação Brasileira de Documentaristas – ABD/PE
Associação Pernambucana de Cineastas – Apeci
Associação de Produtores de Cinema do Norte/Nordeste
Federação Pernambucana de Cineclubes – Fepec
Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta – Sodeca