O que seria da humanidade sem a contação de histórias? Impossível responder. Mas, com certeza, a pergunta já daria um bom mote para uma delas. A prática ancestral pode ser constatada em todas sociedades e, por isso, é considerada importantíssima para a transmissão e aquisição de uma infindável série de elementos daquilo que se convencionou chamar de cultura. Mitos, fábulas e “causos” são algumas formas de fazer valores, saberes, concepções de mundo e até mesmo os próprios signos linguísticos circularem entre indivíduos e gerações. Há ainda quem se dedique às histórias como forma de arte, através da invenção ou oralização, com a incorporação de gestos, ritmos e melodias. Tais pessoas são capazes de provocar manifestações coletivas que são, em si, nada menos do que uma maneira de celebrar a vida em sociedade.

O que se comprovou no Centro de Cultura Luiz Freire, no último dia 16, foi que a arte de contar histórias tem força capaz de seduzir muita gente. Gente disposta a se entregar a ela em plena noite de uma sexta-feira. O mérito é dos grupos e indivíduos que exibiram todo o seu talento na estreia do projeto Coisas que se Contam nas Olindas, cuja realização é fruto da parceria entre a assessoria pedagógica Ekó Educação e Cultura, a contadora de histórias Dayse Constantino e o CCLF. Na ocasião, crianças e adultxs de todas as idades vivenciaram uma experiência única e encantadora proporcionada pelas histórias, poesias e canções de Dayse Constantino (RJ), Grupo de Teatro Arupemba (PB), O Guardador de Poetas (PE) e Grupo Grão de Histórias (PE), cuja integrante Érica Verçosa conduziu, com leveza, o público entre as apresentações.

“Foi com grande emoção que nós, do Centro de Cultura Luiz Freire, promovemos um evento do tipo, cuja realização em nosso espaço se tornou uma espécie de tradição durante muitos anos”, disse Cida Fernandez, coordenadora do programa de promoção do Direito à Leitura do CCLF. “Apenas a oportunidade de poder construir parcerias e, assim, retomar algo pelo qual tanto ansiávamos já seria um sucesso. Agora, percebemos que isso era um desejo compartilhado por muitas pessoas, que compareceram em peso e reagiram de forma tão bela aos espetáculos.”

O Coisas que se Contam nas Olindas acontecerá mensalmente no Centro de Cultura Luiz Freire, sempre em uma noite de sexta-feira e com entrada franca. A proposta é que cada edição seja dedicada a uma temática própria. A próxima já está marcada para o dia 20 de fevereiro. “Desta vez, dialogamos mais com o universo infantil. Mas há também a intenção de fazer uma noite exclusiva para o público adulto, com contação de histórias eróticas, por exemplo”, revelou Érica Verçosa.

Além das parcerias já citadas, houve outras que colaboraram de forma definitiva para o grande êxito desta noite de histórias e música. A ambientação produzida pela Furtacor Decorações no quintal do CCLF ofereceu o clima certo para o evento. Já a Cervejaria Olinda ofereceu a qualidade de seu produto artesanal para quem não perde a oportunidade de apreciar a bebida. Assim como foi de igual importância o apoio oferecido por Juanna Silvestre, Estúdio Sala 45, Estúdio Casa de Ninoca e Portal Flores no Ar.