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O Centro de Cultura Luiz Freire apóia a ocupação do Cine Olinda, movimento que vem sendo construído coletivamente para abrir as portas do cinema, fechada há décadas, e dialogar com a população para pensar o uso e gestão deste equipamento cultura público.

Uma das possibilidades de apoio é  fortalecer, propondo, participando e também doando. Contribuindo com as/os ocupantes, pessoas  que limpam, cuidam e abrem as portas do Cine Olinda, para fazer daquele cinema um verdadeiro espaço público e popular de todas as pessoas.

Um cinema público e popular só é possível com ampla participação de todas e todos. E para reafirmar nosso compromisso com este espaço público, assinamos também a carta manifesto do Ocupe Cine Olinda. Chega junto!

POR UM CINEMA PÚBLICO POPULAR
O Cine Olinda está de portas abertas! No último dia 30 de setembro, depois de mais de 50 anos trancado, pessoas mobilizadas de forma legítima decidiram devolver ao cinema a função pública que ele tem e ocuparam o espaço. Nessas primeiras semanas de atividades, cerca de 50 filmes já foram exibidos dentro da sala, com mais de 2000 pessoas circulando pelo local! Isso comprova que, diante da ineficiência do Estado, o poder da autonomia e da autogestão consegue gerar espaços incríveis: de sonho, de união, arte, cinema e de direitos a todas as pessoas. O Cine Olinda é todo nosso e está ocupado, de portas abertas, para realizarmos esses sonhos.
A ocupação física do espaço é ao mesmo tempo um importante instrumento de pressão popular para que este equipamento cultural público, abandonado por sucessivas gestões, seja devolvido de maneira permanente para a população que deseja e têm direito a mais opções de cultura e lazer na cidade de Olinda. A reabertura e manutenção do cinema é nosso objetivo. Para vê-lo realizado, exercitamos a prática diária de criar o cinema e o mundo que queremos. Entre mutirões de limpeza, organização, melhorias e debates políticos, acreditamos que o Cine Olinda é e tem que se efetivar como espaço público popular. Isso significa que a formulação da programação e a gestão do lugar devem estar abertas à participação, com mecanismos simples e diretos para a intervenção das pessoas. Isso está sendo praticado com reuniões abertas de programação, mecanismos simples de recebimento de propostas e diálogo permanente com todxs que passam pelo cinema. Desejamos que as obras da reforma que leva mais de 30 anos (!!!) sejam concluídas e que haja transparência e eficiência nessa fase final. Mas não permitiremos que o cinema fique fechado enquanto o poder público lida com a burocracia. Nós, junto com vocês, cuidaremos do espaço, mantendo-o aberto à todxs. Acreditamos que essa é a maneira mais eficiente de preservá-lo – com vida, corpos ocupando e filmes na tela!
É essencial lembrar que as ocupações são um explícito rompimento ao modo como são geridos e sucessivamente sucateados os espaços públicos culturais. Em Olinda, podemos citar ainda o Cine Duarte Coelho, além de diversos outros prédios de valor histórico, que encontram-se fechados com obras inacabadas ou mesmo em ruínas. Com a ocupação, mostramos ao poder público que enquanto procuram desculpas e justificativas para manter a tela apagada e o prédio abandonado, a população mobilizada age, organiza-se e articula eventos que buscam fazer desse cinema um lugar acessível para moradoras e moradores da cidade de Olinda e arredores. Sabemos que manter equipamentos culturais ativos contribui para a ocupação das ruas, potencializando encontros e inclusão das diferenças, e assim cria-se um ciclo social que colabora para redução da violência urbana e da opressão. Nossa luta é anticapitalista acima de tudo, e assim entendemos que o embate é pela defesa e manutenção dos espaços públicos, geridos democraticamente de forma participativa, em face à histórica presença dos interesses privados nas instituições governamentais.
O contexto político nacional no qual foi desferido um golpe contra o sistema representativo, abalando o que se chama de ordem democrática no país – e que agora aprofunda o ataque a áreas vitais para a população que precisa do serviço público, com a PEC 241 congelando investimentos em saúde e educação por 20 anos –, serve para alimentar ainda mais a necessidade da mobilização popular. Se estamos vivendo em um estado de exceção no Brasil, há séculos o estado de exceção é a regra para boa parte da nossa população. Por isso, acreditamos que é possível aprender com esses grupos historicamente excluídos e que encontraram formas de insurgência e transformação no compartilhamento, na ação coletiva e na solidariedade comunitária.
O cinema que queremos deve ser aberto à cidade e coerente com a política que queremos. É, portanto, um cinema construído coletivamente, horizontalmente, autônomo e projetando na tela nossos anseios e desejos. Uma ocupação só se constrói com a participação das pessoas. Com nossos corpos, talentos, declarações de apoio. Abrimos as portas do Cine Olinda para ser tomado por gente e devolvido a quem pertence: todxs nós. Te convidamos a chegar junto, ocupar, assistir filmes lado a lado, construir um Cine Olinda para as pessoas!

Olinda, 20 de Outubro de 2016.

Assinam:
Ocupe Cine Olinda
ABD – Associação Brasileira de Documentaristas
Cabelaço PE
Casa Coletivo
CAUS – Coletivo Arquitetura, Urbanismo e Sociedade
Centro de Cultura Luiz Freire
Centro Popular de Direitos Humanos – CPDH
Cine Chinelo NoPE
Cineclube Alumia
Cineclube Amoeda digital
Cinema na Mata – Curta a Palavra
Cinema Volante Luar do Sertão
Colativa
Coletivo Coiote
Controverso Urbano
Direitos Urbanos | Recife
Diretório Acadêmico Fabiana Moraes – Jornalismo UFPE
Distro Dysca
Dhuzati Coletiva
Federação Pernambucana de Cineclubes – FEPEC
FINCAR – Festival Internacional de Cinema de Realizadoras
Marcha das Vadias | Recife
Marcha Mundial das Mulheres
Mostra Agrícola de Cinema Orgânico
Movimento Ocupe Estelita
MOV – Festival Internacional de Cinema Universitário de PE
MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Mulheres no Audiovisual Pernambuco – MAPE
Nanoproducoes LTDA ME
Plataforma de Comunicação Amaro Branco
Ponto de Cultura Coco de Umbigada
Produto Coletivo
Rádio Aconchego
Recifest – Festival de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero
Rede Coque Vive
RUA – Juventude Anticapitalista
Terral Coletivo de Comunicação Popular
Troça Empatando Tua Vista
Vídeo nas Aldeias
#OcupeCineOlinda #CinemaPúblicoPopular