O Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF) celebrou, nessa segunda-feira (30), 49 anos de uma intensa história em defesa da Educação, Comunicação, Cultura e Democracia. O momento aconteceu através da live festiva “49 anos do Centro de Cultura Luiz Freire”, pelo canal da TV Viva, em respeito aos cuidados sanitários como medida preventiva à Covid-19.

A mediação do evento ficou por conta de Ivan Moraes, integrante do quadro de sócios do CCLF e ex-colaborador da nossa casa. “Não escondo de ninguém que é a minha organização mãe, onde eu aprendi tudo sobre os Direitos Humanos e sobre Políticas Públicas”, afirma o jornalista e vereador.

Muitas parcerias foram construídas ao longo desse quase meio século de vida e, em busca de fazer juz a essa pluralidade, o encontro teve várias participações. Liz Ramos – educadora do CCLF -, Andressa Pellanda – coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (CNDE) -, Bernadete Azevedo – promotora de justiça e criadora do GT Racismo/MPPE -, Fábio Silva – gestor da ONG ACESA e da Biblioteca Comunitária Amigos da Leitura – e Mazer Souza – professora quilombola e membra da Articulação Social das Comunidades Quilombolas de Mirandiba (ASCQUIMI) – fizeram falas muito importantes do lugar social, político e cultural que o Centro ajudou a edificar.

A luta que não se luta só

“O Centro foi criado em 1972, no auge da ditadura militar, naquele momento mais barra pesada, onde se perseguia os estudantes, os artistas, os intelectuais, os Movimentos Sociais, as lideranças sindicais e as lideranças populares. A perseguição era intensa e o Centro viveu esse momento de enfrentar a ditadura criando um espaço de resistência”, destaca Liz Ramos.

A educadora relembra ainda o papel que Paulo Freire e a Educação Popular tiveram guiando as ações do CCLF no âmbito escolar, mas também na pedagogia dentro do próprio movimento. “A luta política precisa da mobilização, da articulação dos atores, dos sujeitos e da formação de quadros, da formação de militantes, para terem uma atuação qualificada”, completa.

Andressa Pellanda, coordenadora-geral da CNDE, também citou Paulo Freire, além de bell hooks, para destacar o caminho partilhado entre a Campanha Nacional e o Centro na defesa pela Educação e pela Cultura. “É um lugar muito vivo [o CCLF], que esteve sempre nas grandes lutas de trazer a cultura dos que se rebelam contra essa dominação”, assegura Andressa.

“Minha gratidão por estar participando dessa celebração dos 49 anos do Centro de Cultura Luiz Freire, essa organização tão necessária à sociedade civil e ao exercício da cidadania, que, ao longo desse tempo, vem transitando com leveza, engajando compromisso e responsabilidade na promoção dos Direitos Humanos nas suas várias dimensões”, revela Bernadete Azevedo, promotora de justiça e criadora do GT Racismo do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), instituição que vem sendo uma grande parceira na fiscalização do cumprimento das políticas públicas trabalhadas nos projetos do CCLF.

Para Fábio Silva, gestor da BC Amigos da Leitura, o CCLF teve importância também na esfera pessoal, já que foi através do Centro e das bibliotecas que ele encontrou o incentivo para voltar aos estudos, formando-se em Educação Física. Fábio lança, ainda, um desafio do bem, para que no aniversário de 50 anos a comemoração seja em 50 dias, regada à cultura e debate.

“Tive contato com o Centro em meados de 2000 e tive o prazer de conhecer o Centro por meio da Associação Conviver, no Sertão, aqui em Mirandiba, onde nós trabalhávamos com agricultura familiar. A gente decidiu incidir no orçamento público do município e tivemos contato com André Araripe e Ana Nery, que são pessoas maravilhosas que nos oportunizou esse conhecimento para entendermos como funciona o recurso público. Isso a gente agradece ao Centro de Cultura”, lembra Mazer Souza, professora quilombola e membra da ASCQUIMI.

A liderança do Quilombo Feijão e Posse aproveita o momento para divulgar o projeto “Diretrizes Municipais da Educação Escolar Quilombola”, assim como o “Escolas Seguras e Acolhedoras para a Convivência das Meninas e Jovens Mulheres com a Covid-19 em Pernambuco”,  iniciativas desenvolvidas pelo CCLF, outros parceiros e os quilombos de Mirandiba, com o apoio do Fundo Malala.

A celebração também contou com a projeção de seis relatos em vídeo que abrilhantaram ainda mais o afeto criado nesses 49 anos. Estiveram presentes nesses depoimentos: Inalda Baptista, pedagoga e ex-colaboradora do CCLF; Eduardo Amorim, jornalista e ex-colaborador do CCLF; Ana Cláudia Bezerra, membra do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec); Patrícia Paixão, jornalista e pesquisadora em Comunicação; Bianca Maria, estudante e representante do projeto Malala; e Adalmir José, professor e membro do Crioulas Vídeo.

Entre tantos nomes, momentos e lembranças, o Centro de Cultura Luiz Freire mantém a certeza de combater as desigualdades e andar do lado certo da História.

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Escrito por Marcelo Dantas, estudante de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e estagiário de comunicação do CCLF.

Editado por Rebecka Santos, jornalista e coordenadora do Programa Comunicação e Incidência e Direito à Comunicação do CCLF.

 

Imagem: Comunicação CCLF