“Vi na televisão que, aqui no Brasil, se um cachorro morrer, há várias manifestações. Então, eu quero que todo mundo me ajude com justiça. Mataram o meu filho porque ele era negro, porque era africano”. Lotsove Lolo Lavy Ivone, mãe de Moïse Mugenyi, 24 anos.

Faltam palavras para repudiar o que aconteceu com o jovem congolês no Rio de Janeiro, porque não tem verbo, substantivo, adjetivo ou qualquer outro elemento da nossa língua que dê conta da dor que é vermos mais um jovem negro, imigrante e pobre ser morto a sangue frio por cobrar algo que era seu por direito.

Situações como essa despertam o velho sentimento de “não tinha ninguém ali para impedir? Para salvá-lo?”. E é isso que o racismo faz. Torna pessoas negras invisíveis na orla do Rio de Janeiro e na maioria dos espaços brasileiros, especialmente na esfera do trabalho, já que esta ainda se estrutura com referências do período escravocrata. Moïse saiu do Congo para não encontrar a morte, mas a morte o encontrou aqui, na cidade maravilhosa; que só é maravilhosa para um seleto grupo que não precisa submeter-se a atividades mal remuneradas e insalubres para sobreviver e conseguir gozar, minimamente, dos encantos mil do local onde mora sem esbarrar nos diversos tipos de discriminações.

O caso aconteceu dia 24 de janeiro e só agora ganhou a mídia e a atenção da polícia. Como toda violência direcionada ao povo preto no país, nos perguntamos a quem interessa a omissão do crime? Quem são as pessoas envolvidas? O que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos irá fazer sobre um caso tão bárbaro como esse? As respostas precisam ser urgentes.

O Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF) se junta à família e aos movimentos sociais que pedem justiça pela vida de Moïse Mugenyi, exigindo ações justas para garantir que o racismo e a xenofobia não sejam legitimados, assistidos e ignorados. Que a vida no Brasil seja digna, segura e acolhedora para todas as pessoas, sobretudo para a população negra e refugiada. Os Direitos Humanos precisam prevalecer!

Toda nossa solidariedade à família e aos amigos de Moïse.

#JustiçaPorMoise

 

Imagem: Artivistha