No último fim de semana, aconteceu o 6° Acampamento da Juventude Camponesa de Pernambuco, no Assentamento Socorro, município de Iguaracy, no estado de Pernambuco. O evento, organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e outras instituições parceiras, reuniu jovens de diversas regiões do estado para discutir temas relacionados à juventude, ao campo e à luta por direitos. Entre os participantes estavam jovens quilombolas de Mirandiba, município do sertão pernambucano, que conta com 27 comunidades quilombolas em diferentes estágios de reconhecimento.

Eles e elas levaram para o acampamento a luta organizada e coletiva pela efetivação das Diretrizes Curriculares da Educação Escolar Quilombola protagonizada pela juventude e lideranças em suas comunidades e escolas. Integrantes do Núcleo de Juventude, Educação e Comunicação do projeto Educquilombo – Educação Escolar Quilombola e comunicadores populares em formação, meninas e meninos vem utilizando da educomunicação para conquistar os seus direitos e se fortalecer enquanto sujeitos políticos que defendem interesses coletivos e mobilizam outras pessoas em torno de suas pautas e objetivos sociopolíticos.

Em rodas de diálogos com os 100 jovens presentes, destacaram suas experiências realizando mídia advocacy e engajando a opinião pública do munícipio em torno do Direito à Educação. Ressaltaram, então, o papel fundamental da comunicação como instrumento para pressionar as autoridades públicas a adotarem medidas concretas em prol de uma educação de qualidade, que respeite a ancestralidade, a negritude, a terra e os próprios estudantes.

“A participação dos jovens quilombolas no 6° Acampamento da Juventude Camponesa de Pernambuco mostrou que a luta pela efetivação das Diretrizes Curriculares da Educação Escolar Quilombola em Mirandiba está ganhando cada vez mais força e visibilidade. A juventude está engajada e mobilizada para garantir que suas demandas sejam atendidas e que a educação nas escolas quilombolas seja realmente inclusiva e valorize as relações étnico raciais”, pontua a Coordenadora de Comunicação do CCLF, a jornalista Rebecka Santos.

Na ocasião, a jovem Ana Luiza, participante do projeto Eleições capitaneado pela Rede Malala no Brasil, também expôs o Manifesto Meninas Decidem, um documento com reivindicações de meninas das quatro regiões do país por uma educação de qualidade aos parlamentares que estavam candidatos nas eleições de 2022 e, agora, os(as) que foram eleitos(as). Ela conta como foi a experiência de comunicar para outros jovens o que meninas e meninos mirandibenses têm feito na cidade:

“Não só para mim, mas para todas as que estavam lá foi uma experiência maravilhosa. Lá nós conseguimos aprender e ensinar bastante, ao falarmos um pouco sobre os projetos que participamos e sobre nossas lutas. Chamamos muita atenção de outras meninas que passam pelas mesmas situações que nós e todos ficaram muito interessados nas nossas formas de lidar com tudo isso. Saímos de lá com a sensação de trabalho feito com sucesso. Foi maravilhoso, um momento muito especial e, com certeza, deixamos inspiração para outras meninas também”, declara a estudante do 3º ano ensino médio da rede estadual.

Fotos: Núcleo de Juventude, Educação e Comunicação/ Educquilombo – Educação Escolar Quilombola