Nos despedimos de Aurinha do Coco aqui na terra, mas jamais a esqueceremos. Guardiã da tradição dos coquistas, nossa conterrânea cantou e dançou para os quatro cantos de Olinda, de Pernambuco e do Brasil as belezas do coco de roda e contribuiu para que sintamos orgulho em dizer que Amaro Branco, Guadalupe e Amparo é um reduto de grandes artistas.

Aurinha integrou por 10 anos o grupo de Selma do Coco, como vocalista, e desde os anos 90 seguiu a sua carreira solo. Segundo ela mesma, o Largo do Amparo era uma de suas fontes de inspiração e sempre se referia com muito afeto ao lugar onde cresceu, garantindo que o coco de roda de lá fosse uma expressão cultural difundida e protegida.

Mestra da Cultura Popular, Áurea da Conceição de Assis Souza era resistência no meio musical de massa que desvaloriza a música popular e ancestral. E lutou muito bem mostrando que o coco de roda é um patrimônio cultural do Brasil, que conta a história do nosso povo nordestino, negro, indígena e nos conecta a essas raízes. Ela deixa para nós o compromisso de continuarmos defendendo o direito à cultura, os conhecimentos e as tradições populares do nosso lugar, e lutando para que as leis de incentivo contemplem cada vez mais artistas como ela.

Que, onde estiver, Aurinha dance coco até amanhecer o dia.

E daqui, ao entrarmos numa roda de coco, que sempre honremos seu legado.